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Nomade

A não liberdade de escolha imposta pela pandemia do Coronavírus

Cerca de dois meses atras,  um casal amigo nos convidou  para o casamento deles na Grécia. Na época, quando tínhamos toda liberdade de escolha e não fazíamos ideia da pandemia do Corona vírus que viria pela frente, o nosso impasse era ir ou não ir ao casamento. Isso porque tínhamos ingressos do Pat Metheny que estaria aqui em Berlim no da festa na Grécia.   Sim, esse era nosso dilema. 

Quando poderíamos imaginar que semanas depois não teríamos nem um nem outro? Principalmente, que não teríamos escolhas, não poderíamos viajar e muito menos ir a concertos.

Casamento na Grécia ou show de Pat Metheny? Dilema solucionado com o confinamento!

Até recentemente a liberdade parecia ser tão simples

Viver em uma sociedade livre é um privilégio que quase não nos damos conta. Afinal cada um faz o que quer ou que pode fazer dentro das suas próprias conjunções, limitações econômicas, sociais, saúde, ideologia, etc. Todavia essas privações anteriores ao confinamento do coronavírus, faziam parte do pacote de liberdade de cada um. Ou seja, parte da vida. Do curso natural.

Acima de tudo, o que causa estranhamento é o fato de que agora a sociedade vive coletivamente a não liberdade de escolha. Mas ironicamente em uma situação que muitos reclamam não ser democrática, pode se dizer que dificilmente o estilo de vida mundial nos últimos dias nunca foi tão semelhante. 

Seja o indivíduo rico, classe média, pobre, ele precisa enfrentar o confinamento, filas para conseguir papel higiênico, ameaça econômica, e sobretudo a ameaça de pegar o vírus que tem não só matado milhares de pessoas, mas também modificado o cotidiano do planeta. O mundo mudou com a propagação do novo coronavírus.

A resiliência pode mudar nossa compreenção de liberdade.

Atualmente, no estado de emergência, torna-se evidente que a privação da liberdade é uma decepção contra nós mesmos e a humanidade.  Quando se imaginou em nossa geração que algo assim poderia acontecer?

A falta de controle que temos diante de um inimigo feroz e invisível, as incertezas quanto ao futuro, a desconfiança mútua, o filtro de falsas notícias, os posicionamentos políticos, o comportamento das pessoas, as vezes solidarias, as vezes egoístas.  E tudo isso acontecendo com ao vivo com a internet nos deixando informados a cada segundo. 

Estamos em um reality show. Alguém desligou o mundo lá fora. Pessoas ensinam como sobreviver no confinamento, mensagens de esperança pipocam na internet, reflexões, teorias de conspirações, filosofias tentam explicar o inexplicado. Casas de shows e óperas fazem transmissões ao vivo, assim como músicos e DJs. E acima de tudo piadas, muitas piadas. Afinal, rir ajuda o sistema imunológico.

Tudo isso acontece muito rápido. Como nos tempos fora do isolamento. Milhares de ofertas chegam a nós através de estímulos diversos todos os dias, e novamente nos fazem confusos sem saber o que escolher. 

Dilemas do confinamento. Dúvidas quanto a compreensão do que é ser livre. 

Uma sociedade viciada em consumo sem consumir

Alexanderplaz

Aqui em Berlim podemos sair para nos exercitar, desde que seja sozinho ou acompanhado de uma pessoa apenas. Nem preciso dizer o quanto isso ajuda a enfrentar a não liberdade imposta pela crise do coronavírus. Na sexta feira passada dia 27/03 decidi caminhar na cidade ao invés de ir ao parque, sobretudo para ver como tudo estava com o isolamento. 

Mais do que o vazio da cidade sem milhares de turistas amontoados na Alexanderplatz, foi perceber que com as lojas fechadas, o vício do consumo não pode ser satisfeito. Esta é uma das regiões com o comércio mais ativo em Berlim. E certamente a maioria das pessoas que consomem todos os dias nas lojas, galeria e shopping sempre lotados, não precisam realmente das coisas que elas estão consumindo. É apenas um costume também privado pela pandemia que enfrentamos. 

Preconceito com grupos de risco. Será?

Volkspark Friedrichshain

É uma questão que tenho me perguntado diante do comportamento de alguns jovens. 

Que a maioria dos jovens é destemida e não têm problemas em correr riscos, todos nós sabemos. Mas o que temos visto com a não liberdade de escolha imposta pela pandemia do coronavírus é a falta de empatia, preocupação ou cuidado com os mais velhos. 

Eles insistem em andar em grupos mesmo com a proibição, fazem as chamadas “corona party”. e ainda desrespeitam os policiais que controlam o movimento por Berlim. Lemos nos jornais casos de jovens que cuspiram no policial que abordou um grupo e mandou que se separassem. 

Ontem a polícia fechou um parque no bairro Friedrichshain por causa de um grupo de mais de 150 pessoas no gramado. A noite rasgaram a fita da barreira e cerca de 50 pessoas voltaram a se reunir no local. 

Quando o HIV começou a se espalhar pelo mundo, o grupo de risco eram viciados que compartilhavam seringas e homossexuais. Nem precisa dizer o quando de preconceito e homofobia foi gerada com a doença. 

Agora me parece que o grupo de risco mudou, mas o preconceito de alguns que se acham invencíveis ou superiores continua o mesmo. Por que algumas pessoas não ser importam se os mais velhos morram? Acham que eles já viveram suficiente e o mundo pertence aos mais jovens?

 

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